Da universalidade ao equilíbrio
O terceiro capitulo do livro Diplomacia fala sobre dois assuntos muitíssimo importantes na histórias das Relações Internacionais: a razão de Estado (Raison d'etat) e o equilíbrio de poder, esse segundo já citado no blog anteriormente. Junto com a definição de ambos termos, Kissinger também conta como três estadistas usaram e abusaram dessas premissas em prol do Estado, eram eles: Richelieu, Guilherme D'Orange e Pitt.
Razão de estado de forma simplificada, significa que tudo é valido quando o assunto for defesa e continuidade de um Estado, mesmo que isso ultrapasse os conceitos morais de um país, por exemplo quando a França catolíca de alia a Alemanha protestante em 1624 sobre o comando de Richelieu, para proteger as suas fronteiras de uma possível invasão espanhola (nota: essa aliança de países de diferentes crenças religiosas na época era considerado um ato imoral e desesperado). Ou seja, são meditas que um Estado normalmente não tomaria, mas vendo seu território em risco utiliza de quaisquer armas que possua para garantir a sua sobrevivência.
Já o equilíbrio de poder que significa que mais de um país seria uma potência que garantiria a segurança do continente, também era algo inédito na Europa pois até então era comum um grande imperio "tomar conta" de uma grande quantidade de Estados (Império romano, Habsbug e etc).
Richelieu foi sem dúvida um dos primeiros estadistas a lutar pelo equilíbrio de poder se utilizando da razão de Estado. Quando subiu ao poder em 1624 como primeiro ministro da França, o país se encontrava ameaçado pelo Império de Habsburg que já continha territorios ao redor de quase toda a sua fronteira e era uma ameça ao Estado francês por suas intenções de anexo-lo também.
Richelieu (fonte: quemdisse.br)
Richelieu foi bem sucedido em sua liderança e em manter o território Francês longe das posses dos Habsburgo, mas não foi o suficiente para destruir por completo esse império apesar de ter ajudado a levar a Europa para uma das suas batalhas mais sangrentas, a Guerra dos Trinta anos.
Guilherme D'Orange foi um estadista nascido holandês mas que assumiu o trono inglês após o rei James II ser deposto e se casar com a sua filha Mary. Sua figura física não parecia ser forte suficiente para derrubar os Habsburgo, mas sua capacidade mental conseguiu acabar com o império espanhol e elevar a Inglaterra como uma grande potência européia. A partir de D'Orange a ideia de equilibrio de poder já era uma prática comum na Europa, ainda mais com a ascensão de potências como Áustria e até mesmo a pequena Prússia.
Guillerme D'Orange ou Guilherme III (Fonte: Brasil Escola)
Por último Pitt, também ministro inglês, usou a ideia de equilíbrio de poder para manter a Inglaterra como uma potência no seu reinado. A Inglaterra era o único país europeu que, dentre das potências do equilíbrio de poder, não usavam do expansionismo como arma do equilíbrio. Para Pitt a Inglaterra dever ser como um arbitro nas relações entre as potências e sua participação em conflitos servira para tal (mesma postura adotada pelos EUA anos depois).
William Pitt, o Novo. (Fonte: wikipedia.org)
Esse terceiro capitulo fez uma viagem no tempo comparado aos dois primeiros, pois esse já utilizavam os termo razão de Estado, equilíbrio de poder e falava sobre algumas medidas de ação americanas que começaram a ser explicadas a partir desse capitulo. Acredito que agora o livro seguira uma ordem mais cronológica da história apesar de a todo momento fazer referências a acontecimentos "mais recentes" como as duas grandes guerras mundiais.
Maria Barbosa
Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo III, pág. 39 á 59.
Internacionalista Universitária
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Comentários literários > Livro: Diplomacia - Henry Kissinger (Cap. II)
Dando continuidade aos resumos do livo do Kissinger, hoje farei um resumo muito muito breve do segundo capítulo "As vertentes". O motivo de ser breve é que o intuito do blog é justamente esse.. um fichamento com alguns pontos importantes do livro que valem a pena ser lembrados e não apenas isso, esse capítulo se trata apenas de Roosevelt e Wilson, logo podemos dizer que é um capitulo de realismo vs. idealismo, o que dá muito pano pra manga (rs).
Bom, o capítulo começa relembrando que a visão de política externa americana era muito diferente da européia, por motivos já sitados no blog de que o país norte-americano não tinha (e ainda não tem) vizinhos fronteiriços com potencial de prejudicar ou modificar as suas fronteiras ao norte e ao sul, e tem 2 oceanos que os protegem de leste a oeste (que para a época era uma grande vantagem).
Roosevelt, com sua visão realista, via o modelo de equilíbrio de poder europeu como um bom caminho de garantir a segurança. Para ele (e todos os realistas), a paz não é algo natural do ser humano, por isso é necessário que um país seja forte em todos os sentidos - principalmente militar- para a sua sobrevivência.
Já Woodrow Wilson, com sua visão idealista, não via os Estados Unidos como uma peça de ataque e "partidário" no sistema internacional; Wilson acreditava que os EUA deveriam ser neutros ou arbitrários em situações de conflito. Outro ponto de defesa de Wilson seria que, ignorando a sua vantajosa posição geográfica, os EUA se mantinham longe de conflitos internacionais por serem uma democracia praticamente perfeita, e como acredito que vocês já tenham ouvido falar, "democracias não entram em guerra", logo era dever dos EUA espalhar o sistema democrático para todos os países que não o seguiam.
Outro tópico bastante lembrado nesse capítulo é a Doutrina Monroe, ou, "América para os americanos". Os EUA, como todos os países que ansiavam se tornar grandes potências, também queriam anexar territórios, mas sua estrategia era muito diferente da europeia, aonde a expansão de território era feita através de guerras. Os americanos apostavam na expansão através de comércio e influência. Sob a "proteção" da Doutrina Monroe e sua convicção de ser um país e puro e com morais fortes e altruístas, os europeus não interviam nas ações americanas, deixando cada vez mais claro que os EUA não tinham mais semelhanças ou ligação com o velho continente.
Roosevelt era seguidor da Doutrina Monroe assim como, praticamente, todos os americanos. Baseando se nela, criou a política do "Bick stick", que significa "fale calmamente mas com um grande porrete na mão". Acredito que não preciso explicar essa frase, já que ela é bastante alto didática e explica muito as ideias de política externa de Roosevelt. A política externa americana até então era baseada em não ter uma política externa e que todas as suas decisões deviriam ser tomadas de acordo com as suas necessidades internas e Roosevelt defendia que os EUA deveriam ser um país fortemente militar por interesses internos.
Wilson por outro lado, apostava em tratados e tentativas de selar a paz. O seu legado mais famoso, foi a ideia de segurança coletiva, que apesar de muito criticado na época, se tornou realidade no continente europeu anos depois. O plano de segurança coletiva, fez parte dos 14 pontos de Wilson, que nada mais eram do que 14 medidas para se manter a paz, contudo esses pontos eram claramente voltados para a Europa, ignorando completamente o resto do mundo em conflito. Parecido em certo ponto com a Doutrina Monroe, aonde o continente não poderia ser invadido por outros países ( a não ser os EUA) e que atacar um país americano era o mesmo que atacar todos os demais países, a segurança coletiva pregava a união dos Estados europeus e ficou conhecida como Liga das Nações, aonde nenhum país membro poderia atacar o outro e caso um país fosse atacado, todos os outros países uniriam forças para contra-atacar o agressor. Contudo a Liga estava fadada ai fracasso por muitos motivos, primeiro que ela tinha condições humilhantes para os países derrotados na Primeira Guerra Mundial, o que gerou um grande ressentimento e sentimento de vingança entre eles, e segundo por que, apesar de sido criado pelo presidente Wilson, o próprio congresso americano não aprovou essa união, já que, repetindo, isso não de interesse interno do país.
Como disse esse capitulo é muito extenso e com muita coisa a ser discutida, mas acredito que esse texto mostra a linha de raciocínio do segundo capítulo do livro Diplomacia.
Até o próximo capítulo.
MARIA BARBOSA
Bibliografia:
Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo I, pág. 12 á 37.
Bom, o capítulo começa relembrando que a visão de política externa americana era muito diferente da européia, por motivos já sitados no blog de que o país norte-americano não tinha (e ainda não tem) vizinhos fronteiriços com potencial de prejudicar ou modificar as suas fronteiras ao norte e ao sul, e tem 2 oceanos que os protegem de leste a oeste (que para a época era uma grande vantagem).
Roosevelt, com sua visão realista, via o modelo de equilíbrio de poder europeu como um bom caminho de garantir a segurança. Para ele (e todos os realistas), a paz não é algo natural do ser humano, por isso é necessário que um país seja forte em todos os sentidos - principalmente militar- para a sua sobrevivência.
Já Woodrow Wilson, com sua visão idealista, não via os Estados Unidos como uma peça de ataque e "partidário" no sistema internacional; Wilson acreditava que os EUA deveriam ser neutros ou arbitrários em situações de conflito. Outro ponto de defesa de Wilson seria que, ignorando a sua vantajosa posição geográfica, os EUA se mantinham longe de conflitos internacionais por serem uma democracia praticamente perfeita, e como acredito que vocês já tenham ouvido falar, "democracias não entram em guerra", logo era dever dos EUA espalhar o sistema democrático para todos os países que não o seguiam.
Outro tópico bastante lembrado nesse capítulo é a Doutrina Monroe, ou, "América para os americanos". Os EUA, como todos os países que ansiavam se tornar grandes potências, também queriam anexar territórios, mas sua estrategia era muito diferente da europeia, aonde a expansão de território era feita através de guerras. Os americanos apostavam na expansão através de comércio e influência. Sob a "proteção" da Doutrina Monroe e sua convicção de ser um país e puro e com morais fortes e altruístas, os europeus não interviam nas ações americanas, deixando cada vez mais claro que os EUA não tinham mais semelhanças ou ligação com o velho continente.
Roosevelt era seguidor da Doutrina Monroe assim como, praticamente, todos os americanos. Baseando se nela, criou a política do "Bick stick", que significa "fale calmamente mas com um grande porrete na mão". Acredito que não preciso explicar essa frase, já que ela é bastante alto didática e explica muito as ideias de política externa de Roosevelt. A política externa americana até então era baseada em não ter uma política externa e que todas as suas decisões deviriam ser tomadas de acordo com as suas necessidades internas e Roosevelt defendia que os EUA deveriam ser um país fortemente militar por interesses internos.
Wilson por outro lado, apostava em tratados e tentativas de selar a paz. O seu legado mais famoso, foi a ideia de segurança coletiva, que apesar de muito criticado na época, se tornou realidade no continente europeu anos depois. O plano de segurança coletiva, fez parte dos 14 pontos de Wilson, que nada mais eram do que 14 medidas para se manter a paz, contudo esses pontos eram claramente voltados para a Europa, ignorando completamente o resto do mundo em conflito. Parecido em certo ponto com a Doutrina Monroe, aonde o continente não poderia ser invadido por outros países ( a não ser os EUA) e que atacar um país americano era o mesmo que atacar todos os demais países, a segurança coletiva pregava a união dos Estados europeus e ficou conhecida como Liga das Nações, aonde nenhum país membro poderia atacar o outro e caso um país fosse atacado, todos os outros países uniriam forças para contra-atacar o agressor. Contudo a Liga estava fadada ai fracasso por muitos motivos, primeiro que ela tinha condições humilhantes para os países derrotados na Primeira Guerra Mundial, o que gerou um grande ressentimento e sentimento de vingança entre eles, e segundo por que, apesar de sido criado pelo presidente Wilson, o próprio congresso americano não aprovou essa união, já que, repetindo, isso não de interesse interno do país.
Como disse esse capitulo é muito extenso e com muita coisa a ser discutida, mas acredito que esse texto mostra a linha de raciocínio do segundo capítulo do livro Diplomacia.
Até o próximo capítulo.
MARIA BARBOSA
Bibliografia:
Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo I, pág. 12 á 37.
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Personalidade histórica do dia: Sun Tzu
" Se conheces os demais e conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas correrás perigo." Sun Tzu
Fonte: Game-change.com
Continuando com os líderes asiáticos, a personalidade histórica do dia é Sun Tzu, general chinês famoso pelo seu escrito intitulado "A arte da guerra", um manual que foi muito utilizado por militares asiáticos e é utilizado até hoje em algumas acadêmias militares. (O livro da política, 2013)
Não se sabe muito sobre a sua vida enquanto jovem, mas Sun Tzu ficou famoso pelas suas estratégias militares enquanto comandante do exercito de Wu.
O seu maior feito foi derrotar o exercito de Chu, cidade vizinha a Wu, exercito esse que tinha mais que o triplo de homens o que o exercito de Sun Tzu.
Para ele o soberano deveria garantir uma liderança moral e o povo decidir se apoia ou não as suas decisões. Influenciado por Confuncio, Sun Tzu acreditava que o líder deveria ser um exemplo para a sociedade, mas ao invés de ter conselheiros como Confuncio, Sun Tzu acreditava que os generais exerciam esse papel.
É muito importante lembrar que para Sun Tzu, a guerra é uma questão de vida ou morte e apenas quando o povo entender isso, determinado estado poderá triunfar militarmente.
Sun Tzu tinha como linha de pensamento, ideias inovadoras para a época, como por exemplo a de que um exercito não pode confiar ou se definir apenas em seu poderio bélico, ou que não é a quantidade de homens que garantiria uma vitória.
Outra premissa de Sun Tzu é: saber quando lutar. O propósito de um exército é proteger o seu estado e garantir o bem estar, entrar em guerra deveria ser a última medida a ser tomada, em outras palavras: defender primeiro e se necessário atacar por último.
Outra arma a ser utilizada em uma guerra é a inteligência. Para Sun Tzu um líder não lidera pela força, mas sim sobre a sua capacidade estratégica de ler e conhecer o adversário, conhecendo seus pontos fortes e atacando os pontos fracos. Outra tática eficiente praticada por Sun Tzu era usar a espionagem e espalhar falsas noticias sobre o seu exercito usando agentes duplos.
Os ensinamentos de Sun Tzu já foram inclusive usados para entender as falhas e derrotas de grandes exércitos em guerras que aconteceram séculos após a existência do general chinês, dito isso, recomendo o documentário "A arte da guerra por Sun Tzu" que analisa como o livro de Sun Tzu "previu" o resultado da invasão de Normandia e a derrota americana no Vietna.
https://www.youtube.com/watch?v=f21Lo-jVzLQ
Bibliografia utilizada: Bibliografia utilizada: Livro; Livro da Política. ED. Globo - págs. 28- 31 - 2013
MARIA BARBOSA
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Personalidade histórica do dia: Kong Fuzi (Confúcio)
Essa vai ser mais uma categoria do meu blog, diariamente (se possível, vou postar uma personalidade histórica, bem como um resumo do porque ele/a é famoso/a.
"Um bom governo consiste no governante ser governante, no ministro ser ministro, no pai ser pai e no filho ser filho." Confúcio
Fontre: www.traveladventures.org
Kong Fuzi, mais conhecido no Ocidente como Confúcio, foi um dos mais importantes filósofos chineses que já viveu. Não se sabe muito sobre a sua vida, mas é acreditado que ele nasceu em 551 a.C, filho de uma família de posição confortável mas que teve que trabalhar como servo após a morte do seu pai e tinha o sonho de se tornar administrador.
Criador do confucionismo, Kong Fuzi acreditava que a natureza humana não era perfeita, mas era capaz de ser mudada pelo exemplo da virtude sincera, assim ele pregava que se o governante fosse bom, sua população também seria. Para isso era necessário a escolha de forma meritocrática de um "cavalheiro" ou "Junzi", que nada mas era do que a escolha de um homem a ser soberano através dos seus méritos e virtudes. Sendo este honesto, bondoso e sincero, suas condutas seriam seguidas pelo seus fiéis.
Na época em que foi criada, essa teoria de Confúcio foi barrada pelos governantes, pois os mesmos subiam ao poder de forma hierárquica e usavam da crença da "vontade divina" para explicarem o seu direito de governar. Além do mais, alguns intelectuais diziam que a teoria de Confúcio era eficaz apenas em tempos de paz e que em tempos de combate ela não seria forte o suficiente.
Na teoria de Confúcio a pirâmide de poder seria formada por: Soberano (junzi, cavalheiro...), ministros e conselheiros que seriam intermediadores entre o soberano e o povo e teriam dupla lealdade, ou seja, seriam leais não apenas áquilo que o soberano ditava, mas também ao que o povo ansiava e por último, na base da pirâmide estaria o povo, que vendo a nobre conduta do seu soberano, o seguiria fielmente.
A sua filosofia foi adotada tempos depois da sua morte no século II a.C e ainda estruturava o regime chinês até a Revolução Cultural.
Confúcio morreu em 479 a.C.
Obras: Confúcio não escreveu nenhum livro em sua vida, contudo, súditos fizeram uma copilação de textos, pensamentos e diálogos e criaram o livros chamado Analetos, que é a fonte mais confiável sobre o confucionismo até hoje.
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Bibliografia utilizada: Livro; Livro da Política. ED. Globo - págs. 20 - 27 - 2013
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Maria Barbosa
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Comentários literários > Livro: Diplomacia - Henry Kissinger
Bom, como esse blog também é uma espécie de diário acadêmico para mim, eu vou escrever aqui minhas anotações pessoais sobre esse clássico das RI.
Comprei ele no meu segundo semestre e até hoje não o li por inteiro (apenas capítulos picados a serem utilizados pelo professor em aula), mas decidi que nessas férias eu vou termina-lo.
Vou tentar escrever sobre cada capítulo, mas por serem muito extensos não sei se terei animo para fazer sobre todos eles.
Vamos lá.
Capitulo I - A nova ordem mundial
Nesse primeiro capítulo Kissinger explica de forma breve como alguns países e continentes se veem no sistema internacional e o que eles esperam do mesmo de acordo com seus preferências. Como não poderia deixar de ser, o autor começa com os EUA e o continente Europeu no geral. Sobre o primeiro, ele explica a ideia americana de "comandar" o sistema internacional de forma a espalhar seu ideal democrático para todos os demais países, sempre com a certeza de que o seu sistema e suas visões são melhores que as demais e que apenas dessa manteria o SI (sistema internacional) estaria livre de conflitos bélicos. Outro ponto citado por Kissinger é que para os americanos a história não é fundamental para definir o SI. Além disso, ele reforça o fato do país ter sido criado pela fuga de imigrantes (em sua maioria ingleses) em busca de liberdade, criando assim a ideia de que o país norte americano é a terra da liberdade e que o SI também o deveria ser. Já sobre os países europeus, Kissinger diz que eles sempre tentaram retomar o chamado equilíbrio de poder, sendo que este " [...] não visava evitar crises ou mesmo guerras. Funcionando bem, destinava-se a restringir a capacidade de alguns estados dominarem os outros e limitar a extensão de conflitos. [...] o equilíbrio funciona quando mantém as insatisfações abaixo daquele nível em que a parte prejudicada tentará derrubar a ordem internacional." (KISSINGER, 2014)
O motivo para EUA e o continente europeu não terem a mesma visão de SI, segundo Kissinger se explica por uma questão geográfica. O primeiro é um país isolado, que se encontra no meio de dois oceanos a leste e oeste e com vizinhos que não apresentam riscos a seu território ao norte e sul, logo ele não vê a necessidade que os países europeus tem de precisar proteger constantemente seu território, já que a história do velho continente é recheada de conflitos expansionistas.
Outro país a ser citado pelo autor é a Rússia, que segundo ele, nunca criou um tipo de sistema forte o suficiente para dominar o SI. Por fazer fronteira com países europeus, asiáticos e muçulmanos, a Russia sempre teve que lidar com essa mistura de ideias implantada a ela, já que era difícil de criar um sistema que agregasse 3 vizinhos tão diferentes e perigosos para o seu território. Apesar de fazer parte da URSS na Guerra Fria, o seu forte poder bélico não superou o seu fraco poder econômico e fez com que o país não se firmasse como super potência no mundo pós-Guerra Fria.
Já a China e Japão que até o século XX eram impérios fechados, começaram a ser decisivos recentemente. A China sempre teve que se preocupar com a segurança do seu território, desenvolvendo-se assim belicamente mas não economicamente (séc XX), já o Japão que só foi começar suas relações diplomáticas muito tardiamente, conseguia desenvolver a sua economia mas não o seu poder militar (de forma a vencer o poder bélico ocidental, que já era mais desenvolvido). Até o começo da Primeira Guerra Mundial a China era uma super potência isolada na Ásia, até que começou a ser ameaçada pelo crescimento japonês, sendo uma ameaça constante até a Segunda Guerra Mundial. Com o acordo de não desenvolver o seu arsenal bélico após a derrota para os americanos na 2ª GM, o Japão viu-se preocupado com a possível invasão chinesa e encontrou seu caminho diplomático até os americanos (mesmo após terem sido destruídos pelos mesmos poucos meses antes, provando que a "razão de Estado" francesa está sempre presente nas políticas externas dos países) e também contou com o seu super crescimento econômico, deixando o sonho chinês de voltar a ser a única potência na Ásia, ainda mais distante.
Kissinger após mostrar a posição de todos esses países e continente, diz que a analise da história não é um guia 100% preciso para entender a relações de países hoje, mas ajuda muito e que ver diferentes situações pela visão de analistas e historiadores é diferente de ver o mundo através da visão de estadistas e é esse o diferencial do livro! Ele não é um livro de história como os outros que analisam as decisões tomadas por estadistas, ele é um livro que mostra como e porque estadistas tomaram determinadas decisões em curto prazo e sob pressão.
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Bibliografia:
Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo I, pág. 1 á 11.
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Maria Barbosa
Comprei ele no meu segundo semestre e até hoje não o li por inteiro (apenas capítulos picados a serem utilizados pelo professor em aula), mas decidi que nessas férias eu vou termina-lo.
Vou tentar escrever sobre cada capítulo, mas por serem muito extensos não sei se terei animo para fazer sobre todos eles.
Vamos lá.
Capitulo I - A nova ordem mundial
Nesse primeiro capítulo Kissinger explica de forma breve como alguns países e continentes se veem no sistema internacional e o que eles esperam do mesmo de acordo com seus preferências. Como não poderia deixar de ser, o autor começa com os EUA e o continente Europeu no geral. Sobre o primeiro, ele explica a ideia americana de "comandar" o sistema internacional de forma a espalhar seu ideal democrático para todos os demais países, sempre com a certeza de que o seu sistema e suas visões são melhores que as demais e que apenas dessa manteria o SI (sistema internacional) estaria livre de conflitos bélicos. Outro ponto citado por Kissinger é que para os americanos a história não é fundamental para definir o SI. Além disso, ele reforça o fato do país ter sido criado pela fuga de imigrantes (em sua maioria ingleses) em busca de liberdade, criando assim a ideia de que o país norte americano é a terra da liberdade e que o SI também o deveria ser. Já sobre os países europeus, Kissinger diz que eles sempre tentaram retomar o chamado equilíbrio de poder, sendo que este " [...] não visava evitar crises ou mesmo guerras. Funcionando bem, destinava-se a restringir a capacidade de alguns estados dominarem os outros e limitar a extensão de conflitos. [...] o equilíbrio funciona quando mantém as insatisfações abaixo daquele nível em que a parte prejudicada tentará derrubar a ordem internacional." (KISSINGER, 2014)
O motivo para EUA e o continente europeu não terem a mesma visão de SI, segundo Kissinger se explica por uma questão geográfica. O primeiro é um país isolado, que se encontra no meio de dois oceanos a leste e oeste e com vizinhos que não apresentam riscos a seu território ao norte e sul, logo ele não vê a necessidade que os países europeus tem de precisar proteger constantemente seu território, já que a história do velho continente é recheada de conflitos expansionistas.
Outro país a ser citado pelo autor é a Rússia, que segundo ele, nunca criou um tipo de sistema forte o suficiente para dominar o SI. Por fazer fronteira com países europeus, asiáticos e muçulmanos, a Russia sempre teve que lidar com essa mistura de ideias implantada a ela, já que era difícil de criar um sistema que agregasse 3 vizinhos tão diferentes e perigosos para o seu território. Apesar de fazer parte da URSS na Guerra Fria, o seu forte poder bélico não superou o seu fraco poder econômico e fez com que o país não se firmasse como super potência no mundo pós-Guerra Fria.
Já a China e Japão que até o século XX eram impérios fechados, começaram a ser decisivos recentemente. A China sempre teve que se preocupar com a segurança do seu território, desenvolvendo-se assim belicamente mas não economicamente (séc XX), já o Japão que só foi começar suas relações diplomáticas muito tardiamente, conseguia desenvolver a sua economia mas não o seu poder militar (de forma a vencer o poder bélico ocidental, que já era mais desenvolvido). Até o começo da Primeira Guerra Mundial a China era uma super potência isolada na Ásia, até que começou a ser ameaçada pelo crescimento japonês, sendo uma ameaça constante até a Segunda Guerra Mundial. Com o acordo de não desenvolver o seu arsenal bélico após a derrota para os americanos na 2ª GM, o Japão viu-se preocupado com a possível invasão chinesa e encontrou seu caminho diplomático até os americanos (mesmo após terem sido destruídos pelos mesmos poucos meses antes, provando que a "razão de Estado" francesa está sempre presente nas políticas externas dos países) e também contou com o seu super crescimento econômico, deixando o sonho chinês de voltar a ser a única potência na Ásia, ainda mais distante.
Kissinger após mostrar a posição de todos esses países e continente, diz que a analise da história não é um guia 100% preciso para entender a relações de países hoje, mas ajuda muito e que ver diferentes situações pela visão de analistas e historiadores é diferente de ver o mundo através da visão de estadistas e é esse o diferencial do livro! Ele não é um livro de história como os outros que analisam as decisões tomadas por estadistas, ele é um livro que mostra como e porque estadistas tomaram determinadas decisões em curto prazo e sob pressão.
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Bibliografia:
Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo I, pág. 1 á 11.
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Maria Barbosa
Apresentação
Olá!
Meu nome é Maria Barbosa, tenho 22 anos, sou paulista e atualmente estou no quarto semestre do curso de bacharelado em Relações Internacionais.
Pela minha idade dá para perceber que eu demorei um pouco para escolher qual curso eu queria estudar na universidade e o motivo era bem simples: eu não sabia qual curso eu queria dedicar minha vida.
Quando terminei o colegial decidi trabalhar no ramo imobiliário junto com meus pais, mas aquilo não era pra mim. Os convenci a me pagar uma viagem de intercâmbio; destino: Irlanda. Queria aprimorar meu inglês que na época já estava "somewhere in between" intermediário e avançado. A brincadeira que era para ser de 1 ano acabou virando 2. Resolvi voltar por que ainda tinha o sonho de ter um diploma e ensino superior na Europa estava fora do meu orçamento. Após voltar a nossa pátria amada, a dúvida ainda rondava a minha cabeça. Cogitei aproximadamente sete cursos para estudar mas nenhum deles era Relações Internacionais. Pensei em engenharia biomética (o motivo não sei pois sou um fiasco em biológicas e exatas), biomédicina (de novo a área de biológicas rondando minha cabeça), história, geografia, arqueologia e oceanografia (sério!). Era evidente que a minha área de interesse era mais voltada a humanas, sempre fui bem em história e geografia na escola, apesar de não ser uma aluna excepcional. Sou viciada em leitura e a história do mundo é a mais fascinante história "já escrita" digamos assim. Estava decidida, vou cursar história. Mas ai bate aquele medo de não conseguir um trabalho, um salário que te de independência e pague as contas no fim do mês... enfim, estava entre fazer algo que achava que era o meu sonho e fazer algo que ganhasse dinheiro. Pesquisei, pesquisei, fiz milhões de testes vocacionais, feiras de estudantes... e tinha esse curso que dava em todos os meus testes: Relações Internacionais. Fui pesquisar mais sobre esse curso que "faz você viajar o mundo inteiro e ganhar milhões" segundo a crença popular. Pronto, bati o olho na grade curricular e falei: é você!
Confesso que dentre todas as pessoas politicamente ativas, eu não sou a mais sabia, contudo a minha sede de conhecimento fará com que eu supere esse detalhe, aliás vem superando! Olho para trás quando entrei na faculdade e me vejo agora e percebo o que evolui no meu conhecimento político.
As vezes tenho dificuldade nas matérias de economia, mas nada que atrapalhe a minha média 8. Pois é, eu sou daquele tipo de aluno que pode não estudar nada ou pode passar o mês estudando que sempre vai tirar 8 no boletim, inclusive na matéria que eu mais gosto, que claro, é história.
Resolvi fazer esse blog para compartilhar assuntos da área de RI, como notícias, livros (acadêmicos ou não) e opiniões sobre atualidades mas principalmente história.
Espero que gostem e sintam-se a vontade para comentar ou criticar.
-
Maria Barbosa
Meu nome é Maria Barbosa, tenho 22 anos, sou paulista e atualmente estou no quarto semestre do curso de bacharelado em Relações Internacionais.
Pela minha idade dá para perceber que eu demorei um pouco para escolher qual curso eu queria estudar na universidade e o motivo era bem simples: eu não sabia qual curso eu queria dedicar minha vida.
Quando terminei o colegial decidi trabalhar no ramo imobiliário junto com meus pais, mas aquilo não era pra mim. Os convenci a me pagar uma viagem de intercâmbio; destino: Irlanda. Queria aprimorar meu inglês que na época já estava "somewhere in between" intermediário e avançado. A brincadeira que era para ser de 1 ano acabou virando 2. Resolvi voltar por que ainda tinha o sonho de ter um diploma e ensino superior na Europa estava fora do meu orçamento. Após voltar a nossa pátria amada, a dúvida ainda rondava a minha cabeça. Cogitei aproximadamente sete cursos para estudar mas nenhum deles era Relações Internacionais. Pensei em engenharia biomética (o motivo não sei pois sou um fiasco em biológicas e exatas), biomédicina (de novo a área de biológicas rondando minha cabeça), história, geografia, arqueologia e oceanografia (sério!). Era evidente que a minha área de interesse era mais voltada a humanas, sempre fui bem em história e geografia na escola, apesar de não ser uma aluna excepcional. Sou viciada em leitura e a história do mundo é a mais fascinante história "já escrita" digamos assim. Estava decidida, vou cursar história. Mas ai bate aquele medo de não conseguir um trabalho, um salário que te de independência e pague as contas no fim do mês... enfim, estava entre fazer algo que achava que era o meu sonho e fazer algo que ganhasse dinheiro. Pesquisei, pesquisei, fiz milhões de testes vocacionais, feiras de estudantes... e tinha esse curso que dava em todos os meus testes: Relações Internacionais. Fui pesquisar mais sobre esse curso que "faz você viajar o mundo inteiro e ganhar milhões" segundo a crença popular. Pronto, bati o olho na grade curricular e falei: é você!
Confesso que dentre todas as pessoas politicamente ativas, eu não sou a mais sabia, contudo a minha sede de conhecimento fará com que eu supere esse detalhe, aliás vem superando! Olho para trás quando entrei na faculdade e me vejo agora e percebo o que evolui no meu conhecimento político.
As vezes tenho dificuldade nas matérias de economia, mas nada que atrapalhe a minha média 8. Pois é, eu sou daquele tipo de aluno que pode não estudar nada ou pode passar o mês estudando que sempre vai tirar 8 no boletim, inclusive na matéria que eu mais gosto, que claro, é história.
Resolvi fazer esse blog para compartilhar assuntos da área de RI, como notícias, livros (acadêmicos ou não) e opiniões sobre atualidades mas principalmente história.
Espero que gostem e sintam-se a vontade para comentar ou criticar.
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Maria Barbosa
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