terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Comentários literários > Livro: Diplomacia - Henry Kissinger (Cap. III)

Da universalidade ao equilíbrio

   O terceiro capitulo do livro Diplomacia fala sobre dois assuntos muitíssimo importantes na histórias das Relações Internacionais: a razão de Estado (Raison d'etat) e o equilíbrio de poder, esse segundo já citado no blog anteriormente. Junto com a definição de ambos termos, Kissinger também conta como três estadistas usaram e abusaram dessas premissas em prol do Estado, eram eles: Richelieu, Guilherme D'Orange e Pitt.
  Razão de estado de forma simplificada, significa que tudo é valido quando o assunto for defesa e continuidade de um Estado, mesmo que isso ultrapasse os conceitos morais de um país, por exemplo quando a França catolíca  de alia a Alemanha protestante em 1624 sobre o comando de Richelieu, para proteger as suas fronteiras de uma possível invasão espanhola (nota: essa aliança de países de diferentes crenças religiosas na época era considerado um ato imoral e desesperado). Ou seja, são meditas que um Estado normalmente não tomaria, mas vendo seu território em risco utiliza de quaisquer armas que possua para garantir a sua sobrevivência.
  Já o equilíbrio de poder que significa que mais de um país seria uma potência que garantiria a segurança do continente, também era algo inédito na Europa pois até então era comum um grande imperio "tomar conta" de uma grande quantidade de Estados (Império romano, Habsbug e etc).
  Richelieu foi sem dúvida um dos primeiros estadistas a lutar pelo equilíbrio de poder se utilizando da razão de Estado. Quando subiu ao poder em 1624 como primeiro ministro da França, o país se encontrava ameaçado pelo Império de Habsburg que já continha territorios ao redor de quase toda a sua fronteira e era uma ameça ao Estado francês por suas intenções de anexo-lo também.

                                                            Richelieu (fonte: quemdisse.br) 

Richelieu foi bem sucedido em sua liderança e em manter o território Francês longe das posses dos Habsburgo, mas não foi o suficiente para destruir por completo esse império apesar de ter ajudado a levar a Europa para uma das suas batalhas mais sangrentas, a Guerra dos Trinta anos.
   Guilherme D'Orange foi um estadista nascido holandês mas que assumiu o trono inglês após o rei James II ser deposto e se casar com a sua filha Mary. Sua figura física não parecia ser forte suficiente para derrubar os Habsburgo, mas sua capacidade mental conseguiu acabar com o império espanhol e elevar a Inglaterra como uma grande potência européia. A partir de D'Orange a ideia de equilibrio de poder já era uma prática comum na Europa, ainda mais com a ascensão de potências como Áustria e até mesmo a pequena Prússia.

                                             Guillerme D'Orange ou Guilherme III (Fonte: Brasil Escola)

Por último Pitt, também ministro inglês, usou a ideia de equilíbrio de poder para manter a Inglaterra como uma potência no seu reinado. A Inglaterra era o único país europeu que, dentre das potências do equilíbrio de poder, não usavam do expansionismo como arma do equilíbrio.  Para Pitt a Inglaterra dever ser como um arbitro nas relações entre as potências e sua participação em conflitos servira para tal (mesma postura adotada pelos EUA anos depois).

 
                                                   William Pitt, o Novo. (Fonte: wikipedia.org)

Esse terceiro capitulo fez uma viagem no tempo comparado aos dois primeiros, pois esse já utilizavam os termo razão de Estado, equilíbrio de poder e falava sobre algumas medidas de ação americanas que começaram a ser explicadas a partir desse capitulo. Acredito que agora o livro seguira uma ordem mais cronológica da história apesar de a todo momento fazer referências a acontecimentos "mais recentes" como as duas grandes guerras mundiais.


Maria Barbosa

Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo III, pág. 39 á 59. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário