Bom, como esse blog também é uma espécie de diário acadêmico para mim, eu vou escrever aqui minhas anotações pessoais sobre esse clássico das RI.
Comprei ele no meu segundo semestre e até hoje não o li por inteiro (apenas capítulos picados a serem utilizados pelo professor em aula), mas decidi que nessas férias eu vou termina-lo.
Vou tentar escrever sobre cada capítulo, mas por serem muito extensos não sei se terei animo para fazer sobre todos eles.
Vamos lá.
Capitulo I - A nova ordem mundial
Nesse primeiro capítulo Kissinger explica de forma breve como alguns países e continentes se veem no sistema internacional e o que eles esperam do mesmo de acordo com seus preferências. Como não poderia deixar de ser, o autor começa com os EUA e o continente Europeu no geral. Sobre o primeiro, ele explica a ideia americana de "comandar" o sistema internacional de forma a espalhar seu ideal democrático para todos os demais países, sempre com a certeza de que o seu sistema e suas visões são melhores que as demais e que apenas dessa manteria o SI (sistema internacional) estaria livre de conflitos bélicos. Outro ponto citado por Kissinger é que para os americanos a história não é fundamental para definir o SI. Além disso, ele reforça o fato do país ter sido criado pela fuga de imigrantes (em sua maioria ingleses) em busca de liberdade, criando assim a ideia de que o país norte americano é a terra da liberdade e que o SI também o deveria ser. Já sobre os países europeus, Kissinger diz que eles sempre tentaram retomar o chamado equilíbrio de poder, sendo que este " [...] não visava evitar crises ou mesmo guerras. Funcionando bem, destinava-se a restringir a capacidade de alguns estados dominarem os outros e limitar a extensão de conflitos. [...] o equilíbrio funciona quando mantém as insatisfações abaixo daquele nível em que a parte prejudicada tentará derrubar a ordem internacional." (KISSINGER, 2014)
O motivo para EUA e o continente europeu não terem a mesma visão de SI, segundo Kissinger se explica por uma questão geográfica. O primeiro é um país isolado, que se encontra no meio de dois oceanos a leste e oeste e com vizinhos que não apresentam riscos a seu território ao norte e sul, logo ele não vê a necessidade que os países europeus tem de precisar proteger constantemente seu território, já que a história do velho continente é recheada de conflitos expansionistas.
Outro país a ser citado pelo autor é a Rússia, que segundo ele, nunca criou um tipo de sistema forte o suficiente para dominar o SI. Por fazer fronteira com países europeus, asiáticos e muçulmanos, a Russia sempre teve que lidar com essa mistura de ideias implantada a ela, já que era difícil de criar um sistema que agregasse 3 vizinhos tão diferentes e perigosos para o seu território. Apesar de fazer parte da URSS na Guerra Fria, o seu forte poder bélico não superou o seu fraco poder econômico e fez com que o país não se firmasse como super potência no mundo pós-Guerra Fria.
Já a China e Japão que até o século XX eram impérios fechados, começaram a ser decisivos recentemente. A China sempre teve que se preocupar com a segurança do seu território, desenvolvendo-se assim belicamente mas não economicamente (séc XX), já o Japão que só foi começar suas relações diplomáticas muito tardiamente, conseguia desenvolver a sua economia mas não o seu poder militar (de forma a vencer o poder bélico ocidental, que já era mais desenvolvido). Até o começo da Primeira Guerra Mundial a China era uma super potência isolada na Ásia, até que começou a ser ameaçada pelo crescimento japonês, sendo uma ameaça constante até a Segunda Guerra Mundial. Com o acordo de não desenvolver o seu arsenal bélico após a derrota para os americanos na 2ª GM, o Japão viu-se preocupado com a possível invasão chinesa e encontrou seu caminho diplomático até os americanos (mesmo após terem sido destruídos pelos mesmos poucos meses antes, provando que a "razão de Estado" francesa está sempre presente nas políticas externas dos países) e também contou com o seu super crescimento econômico, deixando o sonho chinês de voltar a ser a única potência na Ásia, ainda mais distante.
Kissinger após mostrar a posição de todos esses países e continente, diz que a analise da história não é um guia 100% preciso para entender a relações de países hoje, mas ajuda muito e que ver diferentes situações pela visão de analistas e historiadores é diferente de ver o mundo através da visão de estadistas e é esse o diferencial do livro! Ele não é um livro de história como os outros que analisam as decisões tomadas por estadistas, ele é um livro que mostra como e porque estadistas tomaram determinadas decisões em curto prazo e sob pressão.
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Bibliografia:
Livro: Diplomacia. KISSINGER, Henry. Ed. Saraiva. Capítulo I, pág. 1 á 11.
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Maria Barbosa
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